Zé do pé preto
não era tão preto
quanto dizia seu nome
era um velho grisalho
moreno, alto,
robusto
onde sua história
inicia-se em 21 de abril.
Morador da vila
misturava-se com os
outros
no boteco fazia
hora,
sempre na companhia de seu cavaquinho
onde o cujo sabia
de cor suas tristezas.
Suas unhas grandes
tocavam o dó, ré,
mi, fá
sua solidão seguia
com sol lá si
às velhas notas
que alegravam a mocidade
da vila
botavam todos na
roda
e à gira corria.
Durante toda à infância
viveu no Nordeste
conviveu com à
seca,
conviveu com a fome
onde tudo teve um
fim
quando à cigana da
saia rodada
apareceu-lhe
usando às pontas do
dedo
traçou à sua vida
na terra seca,
não contavam com o
vendaval
que veio e levou às
singelas palavras.
Mas
Zé do pé preto
havia de ter guardado
às palavras
escritas
seguido das falas.
Quem viu, viu
quem ouviu,
retalhou
o Zé, todo humilde
pôs sobre às costas
à sua trocha
procurou por Rosinha,
à tal cigana
e disse-lhe:
- Rosinha, tu que
tens a formosura,
a doçura de uma
moça do cangaço
tens que me
acompanhar,
pegaremos o
primeiro trem
andaremos feitos
andarilhos
perdidos no sertão.
Rosinha
uma mulher livre
que passou à vida
toda
percorrendo à terra
seca
sozinha, sem
marido, sem filhos
estava à procura de
sua lenda,
toda entristecida
negou-se a ir
pôs fim.
Desatinado
o pobre
inconformado
deu à cara e foi-se
para São Paulo.
Tanto ralou
tanto
sofreu
vice-versa
formando-se o
doutor da vida.
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